É assim...
Bateu á porta...
não esperou que lhe fosse dada autorização e entrou.
Instalou-se confortavelmente no sofá e ficou, com um sorriso matreiro nos lábios.
Ali foi ficando, olhando-me de tempos a tempos.
Passaram-se as horas, os dias, os meses e era sempre assim.. a sensação de nunca estar verdadeiramente só.
Resolvi dar-lhe um Nome. Afinal ela já me conhecia bem.
Certas alturas chamava-a pelo seu nome...seu rosto tornava-se mais frio e cinzento do que já era...
Não desisti, tinha que haver alguma forma de a tratar...alguma forma que a identificasse, que a fizesse feliz...
A sua felicidade tornou-se um objectivo diário. Por vezes quase consegui, mas ela nunca se contentava com as minhas palavras ou com os meus actos...como eu!
Bati-lhe com força, arranhei-lhe a cara, implorei que se fosse embora, chorei lágrimas de raiva...desesperei.
Desisti... Imaginei a sua ausência. Era a minha altura de gozar...
Foi ficando pequenina, minuscula, quase transparente... Um dia quase a matei quando por pura distracção me sentei em cima dela ( foi engraçado...)
Nome?? Já não tinha, não era necessário....mesmo assim estava sempre presente...e assim continuou...
Nunca a deixei morrer e mesmo que quisesse isso seria impossível...
Convivemos as duas em equilibrio, cada uma com o seu espaço... Felizes pela existência uma da outra.
Talvez, quem sabe, um dia chegue a hora de uma de nós partir, sem que haja rancor ou sofrimento...
No inicio....quando a conheci, baptizei-a de ódio,
depois de loucura,
agora sei bem qual é o seu Nome...
É Saudade...
2 Comments:
Acho que temos que ter uma conversa séria...isto está a ficar problemático, não????Será do belo Verão que se aproxima...altura em que tudo que estava mais ou menos adormecido vem á tona, com mais força do que nunca...estou sempre aqui para ti...
Quem nunca sentiu isso? Só que eu chamo a isso de vida! É assim mesmo bichinha...estás no bom caminho.
Enviar um comentário
<< Home